segunda-feira, 9 de novembro de 2009

The good, the bad and the ugly

"Eu que o encontre na rua, porque não tenho medo de ninguém. Tenho 67 anos e, se encontrar o Simon na rua, eu dou um tapas nesse vagabundo."

Clint Eastwood é o caralho, meu nome é Beluzzo, porra.

Depois de ler a entrevista de hoje do Belluzzo sobre a arbitragem no jogo de ontem - jogo medíocre que o Palmeiras não merecia ganhar nem com Simon e nem sem Simon - e, principalmente depois de ler e ouvir comentários, de "profissionais de crítica" ou não, sobre o porquê do Presidente não poder falar desse jeito, que a violência não resolve nada, etc., me lembrei de uma história de quando eu estagiava na subprefeitura de Pirituba/Jaraguá/Parque São Domingos nos idos de sei lá que começo de século. 2004 ou 2005, talvez.
Era um estágio de assessor de imprensa que não me perguntem como consegui, mas trabalho dado de favor a gente aceita, ainda mais quando arruma namorada e tem que sustentar a pinga dos dois.
Bom, algumas partes daquela região da zona oeste são um buraco sem fundo e sem asfalto. Coisa feia mesmo. Aldeias rivais de índios, histórias de estupro em estação de trem, assassinato de esposa por marido cachaçado e por aí vai. Era bacana andar por lá com os fones de ouvido tocando as trilhas do Ennio Morricone.
Era época de Marta Suplicy. O populismo andava a solta na região. Os cargos de confiança da subprefeitura eram preenchidos por homens rudes que ajudaram a fundar o partido dos trabalhadores. Todos barbudos e com aquele característico sotaque de falta de plural.
Enfim, o trabalho era simples; enrolar os estudantes de jornalismo da Cásper Líbero, responder e-mails para jornais de bairro, acompanhar a mãe do Supla em suas viagens a periferia da cidade e, eventualmente, visitar alguma obra pra tirar fotos e publicar no site da prefeitura.
Tudo ia bem na maior parte do tempo. Os funcionários públicos falavam mal dos cargos de confiança que falavam mal dos munícipes que falavam mal de tudo para o atendimento da subprefeitura.
Vez por outra a coisa inflamava... Mas, quase sempre, era controlada pelo próprio atendimento ou por uma entrevista do subprefeito Sr. Givaldo (um cara bem gente fina, aliás) para o SPTV.
Quase sempre.
Eu fiquei por lá cerca de 8 meses e só uma vez vi a coisa pegar fogo.
Cerca de vinte moradores foram reclamar de um buraco em uma rua x que já tinha causado diversos acidentes. Acho que até uma morte por atropelamento, se não me engano.
Bom, como já disse, foram lá reclamar, mas deram com a cara no portão.
"Ninguém pode reclamar assim, cara a cara. Entra na internet e manda isso pelo portal da subprefeitura. Não tem internet? Use o tele atendimento. Já fizeram isso? Quantas vezes? Não existe só a rua de vocês no bairro, minha senhora. Esse é um lugar cheio de problemas. Vamos resolver assim que possível. Podem chamar o SPTV."
Bom, lá se foram os cães arrependidos?
Bobagem.
De repente chegam uns cinco caras com facões levantados e gritando que se o subprefeito saísse de lá iam cortar o pescoço dele ou alguma açougueirice (?) assim.
No dia seguinte o buraco estava tapado...

O caso é outro, é claro, mas violência não resolve?
Sei...

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