terça-feira, 27 de outubro de 2009

Por que as mulheres são tão tristes?

Já conheci algumas feministas. Dessas que não fazem mal pra ninguém. Gritam, gritam e... enfim, gritam.
Ouvi dizer que existem as Barras bravas. Violentas. Gritam, gritam e, sei lá eu, devem até bater nuns machos, mas essas eu nunca conheci ao vivo. Até gostaria.
Mas, na moral, os tempos são outros e a honestidade é um item fora de catálogo.
Qual o nível de coragem dessa mulher? Desse monumento chamado Cláudia:

"O ano em que a redatora de televisão carioca Claudia Valli nasceu, 1963, foi marcado pelo lançamento de A mística feminina. O livro históricor de Betty Friedan alardeava a frustração feminina por ter apenas os papéis de esposa e mãe e foi um marco no movimento pela emancipação das mulheres. Hoje, prestes a completar 46 anos, Claudia olha sua própria vida e questiona essas conquistas. Ela trabalha oito horas por dia e administra a casa onde mora com os três filhos – um casal de adolescentes, de seu primeiro casamento, e um menino de 9 anos, do segundo. Tem empregada apenas duas vezes por semana e uma ajuda “relativa” dos ex-maridos. Raramente dorme mais que quatro horas por noite, já que muitas vezes precisa adiantar trabalho de madrugada, além de monitorar o caçula, que é diabético. Na mesa de cabeceira da cama, uma pilha de livros comprados e não lidos. Na mente, a preocupação com os quilos a mais e a falta de tempo para fazer qualquer tipo de exercício. Claudia está sozinha desde a última separação, há cinco anos, e diz que um namorado, agora, seria mais um motivo de estresse. “A emancipação feminina é como um contrato que foi assinado sem ter sido lido direito e que agora precisa ser renegociado”, diz ela. “A vida tornou-se um show que não pode parar.” Antes de dar entrevista a ÉPOCA, Claudia passou no supermercado para comprar pão, leite e banana. Depois de feitas as fotografias, preocupou-se em não parecer mais velha
do que é: “Dá para melhorar com Photoshop?”. "

Cláudia. Claudinha. Cláudia, minha flor. Sem palavras. Eu te amo! Do fundo do coração.

Ps; Leiam rápido, pelo amor de são bartolomeu, antes que tirem do ar, o primeiro e terceiro comentários para essa matéria. Uma grande demonstração de força argumentativa tanto do lado masculino quanto do feminino.

Comentário 1: "ACHO QUE OS VIBRADORES NAO ESTÃO MAIS SENDO FABRICADOS COMO ANTES, POIS AS MULHERES ESTAO PREFERINDO AS CENOURAS, TENHO CERTEZA QUE UM DOS MOTIVOS DA INSATISFACAO FEMININA É PORQUE A MAIORIA SOH QUER SABER DE DAR E DP FICAM CUIDANDO DOS FILHOS, ISSO ACONTECE..."

Comentário 3: "A mulher nasceu para estar com a mulher. Vocês precisam de homens porque não sabem copular com as suas amigas. Além de sujos, peludos e incapazes na cama, os homens são feios! Dão nojo..."

domingo, 25 de outubro de 2009

Luar na laje

Sábado. 5h30.
Depois de uma noite de vitórias épicas no pebolim do barba, cheguei em casa cansado e sem conseguir enxergar direito a fechadura.
Ritual de sempre: Cozinha, água, engov, banheiro, mijo, água na cara, quarto e cama.
"Peraí. Que porra é essa em cima da cama, Gezuis?"
Era um envelope com a imagem de uma lua psicodélica colada nele.
10 segundos até entender a situação.
(.....................................)
Ai, caralho. O segundo livro que eu pedi no Luar na laje. O Senhor das moscas.
Joguei o envelope no chão.

Sábado. 13h30.
Depois de uma manhã de sonhos épicos com o pebolim do barba, acordei na minha cama com a cabeça estourando.
Ritual de sempre: Abre os olhos, fecha os olhos, se arrepende de estar vivo, gole de água, olha as horas, levanta pra mijar.
"Peraí. Que porra é essa no chão, Jesus?"
Era um envelope com a imagem de uma lua psicodélica colada nele.
10 segundos até entender a situação.
(.....................................)
Ai, caralho. O segundo livro que eu pedi no Luar na laje. O Senhor das moscas.
Joguei o envelope no cama.

Amanhã começo a ler.

Projeto Sesc - o quase final

Querido diário,

Semana cheia. Afinal, não é todo dia que se faz 25 anos...
Comecei um curso novo, pra variar. Fotografia de retratos. Talvez eu me aposente depois desse.

Estou procurando um pintor para incluir no meu projeto do SESC. Ele pintaria algumas das fotografias. Assim, na apresentação, as fotos e os quadros ficariam intercalados. O antropólogo Abolafio de Souza e Silva está desenvolvendo um texto cheios de justificativas pra mim. Algo em torno da metalinguagem do quadro pintado a partir da fotografia do quadro. Qualquer merda desse tipo serve.
(Para mais justificativas furadas de Abolafio SS clique aqui e vá ao 3° parágrafo. Aqui também tem ele falando ao Jornal Cana sobre o açúcar)
É claro que vou pedir para o pintor trabalhar nas fotos que eu menos gosto. O critério é o mais simples possível.
Se eu não morrer antes, é bem provável que eu termine esse projeto. O que seria, se não me engano, uma coisa inédita.
Ah, a idade. Ela chega um dia, crianças. E com ela também nos tornamos mais centrados, mais calmos e planejados.
Falta um mês pra entregar tudo. Agora tenho que decidir o tamanho das ampliações, pra poder comprar as telas e encomendar as pinturas.
O mundo gira e a Lusitana roda.

Essa é a sala da casa do Doda. Passei bons dias da minha juventude aí. Era cerveja, lanche de peito de perú com queijo e sessão da tarde todo dia. Oh, Classe Média, eu lhe imploro, domine o mundo. Transforme todos os jovens humanos em seres flácidos e egoístas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Van Gogh de auto ajuda

Tem esse site aqui com todas as cartas que o Van Gogh escreveu pro irmão, pros amigos, pros amigos artistas, enfim, pras putas que os pariram de quatro...

Tradução, quadros de referências, facsimiles, notas de rodapé etc, tem tudo lá. Tudo. É incrível.

O tabalho tá chato? A vida tá dura? Siga os conselhos do doidinho: "Theo, I must again recommend that you start smoking a pipe. It does you a lot of good when you’re out of spirits, as I quite often am nowadays."

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

MSN

Todo dia uma ou duas frases para você colocar no seu nick do MSN.
Pegue. É de graça.

"fds ubatuba. muito loco com vc. auhauhahuahuahu"
"Quem tem limite é município"

Frases quase 100% verídicas.
Colhidas diretamente do pé por Márcio Veiga.

sábado, 17 de outubro de 2009

Terry Richardson

Terry Richardson
Tem algo de ridículo no Terry Richardson... Não sei se por causa dos óculos ou do segundo nome de jogador de futebol...



...mas alguma coisa me enche o saco vendo as fotos dele.
No site você acha imagens dos jackasses, do Rio de Janeiro (com o Cauã Raimond de bigodinho), mulheres se beijando, homens vomitando, atores famosos, da Amy Winehouse encoxando uma galinha, da mãe dele e até do Obama.
São milhões de imagens. Algumas são boas. Mas, porra, se eu tirar 1.000 fotos, 10 devem sair da hora também, né.
A técnica para as fotos: Snapshot.
Ai, Crispim Misericórdia, os termos. Os termos...
Bom, ele pega a câmera dele e mira na cara das pessoas. O que saiu, saiu. Se ficou bom ele coloca no site e vende caro. Se ficou ruim ninguém nunca vai ver.
E qualquer foto de famoso vende, na moral.
Tem um tchan "anárquico" no trabalho do Richardson. Mesmo sendo fácil construir isso numa casa qualquer cheia de gente e álcool, no caso dele parece ser uma coisa espontânea. Ele está inserido naquilo, e as pessoas da rodinha confiam nele. Aquele parece ser mesmo o mundo de Terry. Não é um fotógrafo que, assim, de repente, depois de uma noite cheia de sonhos divinos, resolve que vai sair do seu apartamento paulistano, morar por um mês numa comunidade ribeirinha e fotografar os pobres e suas manias, fazer um estudo sobre isso e mudar alguma coisa no mundo.
Quer ser egoísta? Seja no seu próprio ambiente, cara.
Mas, enfim, alguém paga pelo trabalho e o Richardson faz. E ainda parece se divertir com isso.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Caminhos e Escolhas

Eu sou um cara frustrado. Somos todos, certo?
Nem vale a pena enumerar as minhas frustrações aqui. São muitas. Elas vão desde tamanho de pênis até o fato de não saber arrotar, e passam pela questão do meu emprego chato até voltar ao tamanho do meu pau. É cíclico. Tô tranquilo com isso.

"Mas, Renan, o que faz você feliz?"

Bom, Tio Abílio, eu gosto de ver filmes, fazer sexo, fazer fotos, fazer fotos enquanto faço sexo, ler livros e chupar bala de canela, entre outras traquinagens.

Talvez, um dia, quem sabe, tudo isso me dê "algo mais" do que miopia, gastrite e DST.
É óbvio que esse "algo mais" é dinheiro. Mas, se não der, tudo bem. A frustração é pequena quanto a isso. De um jeito ou de outro vou continuar fazendo.

A maravilhosa internet (www = what a wonderful world), junta um mundão de gente. Juntaria mais ainda se o acesso na China fosse todo liberado. E esse mundão de gente tem opinião. Muita gente e muita opinião é igual a muita bosta.
No meio desse toroço gigante, alguns grãos de milho são comestíveis ainda. Mas é claro que cada um tem o seu gosto pessoal, e nem todos gostam de milho.

Pra mim, um desses pontos amarelos é o Seja. Sinta. Saiba.
Leio dois blogues que falam, entre outras coisas, sobre literatura e livros. O SSS é um e o do Sérgio Rodrigues é outro. Os dois são simples, diretos e honestos.
O do Sérgio Rodrigues, às vezes nem tanto, mas foda-se.
Eu não acredito no sublime mundo da literatura, da cultura e das artes em geral. Essas coisas te ajudam na vida, mas um título da Libertadores te dá muito mais felicidade; acredite em mim, pobre corintiano.

Entrei no SSS dia desses e tinha , com outros adendos, o texto sobre a Invenção de Morel que eu escrevi aqui.
Jóia. Uma frustração a menos.

Achando pêlo em ovo

Tá no horóscopo: A partir de hoje a Lua inicia seu trajeto mensal em seu signo, agora duplicando o poder de mudança interior que vem do Sol. Conecte-se com suas antenas interiores, sinta-se, ouça seu ritmo próprio e tente andar dentro dele. Cuide do organismo e seja um pouco mais egoísta.

Projeto SESC
Semana: 8
Conclusões: Quase nenhuma

A ideia de colocar o audio com os depoimentos caiu. Caiu grandão. Alguns motivos são concretos, outros nem tanto. Vamos a eles:

Gravação de voz com esses gravadores portáteis é foda, todo mundo fica parecendo o Pato Donald.
Ademais não acrescentava nada pra foto, e pode direcionar o olhar de quem tá - dã - vendo. Nem queria isso.
Outra que o projeto vai ser apresentado ao vivo e depois, muito provavelmente, entrará numa caixa especial, guardada com muito carinho e sílica gel, na última gaveta do meu armário. Não vai pra internet. Pelo menos não dessa maneira que eu já comentei aqui, meu nêgo.

Como agora ficaram apenas as imagens, a imaginação de quem vê a foto pode, enfim, voar pra longe. De preferência pra beeeem longe. Quanto mais longe de mim, aliás, melhor.

A dificuldade entra aqui: Tirar fotos boas o suficiente, com todos os detalhes que eu quero, é um problema meu, por falta de técnica, e do equipamento que eu tenho (que é um problema meu de falta de dinheiro também). A lente 18-55mm que vem já com a Canon xs é uma bosta. Os detalhes ficam sem nitidez e as cores bem meia boca. Os tons de rosa, por exemplo, ficam todos parecendo geléia de mocotó. Mas é a única grande angular que eu tenho. Com a 50mm (melhor custo benefício da Canon. 300 dólares brasileiros) não dá, pois fico sem recuo nos ambientes.

Usar o tripé ia ajudar etc. Mas como andar com um tripé por aí? Podia pedir conselhos pro hómi , mas como Deus não me deu esse talento, vou continuar com a câmera na mão mesmo.

Mesmo assim, analisando as imagens com os coleguinhas do SESC, deu pra perceber o óbvio: Os cacarecos e a disposição deles nos ambientes, diz quase tudo sobre a personalidade da pessoa que é "dona" daquele lugar.
Tá, é óbvio se você olhar a foto de um quarto ou sala que você conhece. Caso contrário, cara, é difícil tirar o olho do umbigo e reparar no outro através de objetos. E o que é difícil a gente pula fora em 5 minutos.
De novo: Quem tem tempo pra isso?

A coisa fez uma curva nos últimos tempos. O foco era pra ser os quadros. Nem é mais. Eles servem só de desculpa para fotografar os ambientes. São o ponto que liga uma foto na outra, mas não me interessa mais saber quem pintou, porque pintou, quando foi colocado ali patati patatá. O próximo passo deve ser fotografar em casas que eu não conheço ninguém, ou que eu conheço mas nunca entrei na casa; tipo meu zelador Zilmar, pai de Marlúcio. Mas tem que ter o porra de um quadro qualquer.

A foto abaixo foi tirada na sala da casa de Rodrigo Gracinha Garcia.


Essa outra é do quarto do Sr. Carlos Butterfly.


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A invenção de Morel

A Invenção de Morel, do Adolfo Bioy Casares, não parecia ser um livro promissor. Ganhei ele emprestado há uns trezentos anos: "Lê. É muito foda! Depois você me devolve, cara." Ninguém empresta livro por tempo indeterminado de graça.
Hipótese 1: O livro tava macumbado.
Hipótese 2: O livro é ruim e a pessoa não quer mais ver ele na frente pra não passar nervoso.
Joguei ele num canto: "Vou ler quando terminar a Veja que roubei do dentista."

Dias atrás fui ao dentista novamente e lembrei dele.

Revirei as tralhas no armário, encontrei o dito, tirei a poeira de cima da capa (importante pra quem tem sinusite) e comecei a ler o prefácio: blablabla blablabla blablabla o livro é perfeito. Ass: Borges (Amigo do autor).

E lá vamos nós! Ass: Bruxa do Pica-Pau.

Mundo mundo vasto mundo
se meu nome fosse Borges
não seria uma rima
mas venderia livro argentino pra caralho

Procurei outras referências no google. Não tenho opinião própria.
Filme baseado no livro: O ano passado em Mariembad. Diretor: Alan Resnais.

Porra! Agora sim.

O enredo é simples: Um homem x foi condenado pra sempre por um motivo y e foge para uma ilha z. Na ilha ele está seguro. Ninguém vai atrás dele, pois tem toda uma lenda sobre uma maldição/praga no lugar. A coisa segue meio tranquila até que ele descobre que tem gente lá também. Vai investigar. Parece que ninguém consegue vê-lo. Pois é... Mas ele se apaixona por uma das mulheres e vai atrás dela. Depois ele descobre o porquê de ninguém sentir a presença dele.

No meio do livro aparece a descrição de uma máquina do futuro; mistura de televisão com vitrola... Esse trambolho é a chave de tudo.

Viagem. Muita viagem. Mas uma das boas.

Ontem, no metrô, meu lugar favorito para flertes, uma morena linda de olhos azuis entrou no vagão e ficou em pé ao meu lado. Olhei uma vez, ela olhou de volta, olhei o livro, ele olhou de volta... Fiquei com o Morel.
Bicha!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

See you in hell, Robert Polidori


O Museu da Casa Brasileira é um lugar Sui Generis, como diriam os próprios frequentadores do local. Em um ambiente limpo e agradável, pessoas sem pêlos e cheias de feomelanina e dinheiro, almoçam ao som de jazz e risadinhas abafadas. Mas a gente não quer só comida...
Além do restaurante, o MCB possui também abre aspas Um amplo jardim com mais de 6.000 m² e cerca de 200 espécies de árvores brasileiras, que se destaca entre a densa massa de concreto da região fecha aspas.
Foda-se.
Fui lá para ver a exposição do Robert Polidori, ou tentar roubar alguma colher de prata, e não para conferir os abre aspas novamente incríveis exemplares do mobiliário dos séculos XVII ao XXI fecha aspas novamente.
Antes disso resolvi dar um passeio no jardim, ao lado do restaurante, com minha amiga Elaine. Era um belo dia de sol e tinha umas artes que a gente podia encostar; coisa rara.
De longe vem um bêbado trajando uma camiseta do Metallica. De perto ele começa a falar comigo sobre um show do AC/DC. Nada contra os bêbados - sou um deles - mas eles cospem quando falam e eu gosto de cerveja e não perdigotos. Pedi para ele parar de cuspir em mim e aticei sua ira metaleira "Você que tá perto demais, seu retardado. See you in hell, seu retardado. Acha que você é bom e eu não, seu retardado?" E lá foi ele achando que eu era um inimigo seu que eu não sou.


Separar a biografia de um autor da sua obra é uma tarefa inglória para um cara cheio de preconceitos, mas aprendi a fazer isso depois de assistir Pindorama do Arnaldo Jabor.
Sempre com opiniões furadas do tipo "This sounds very simple, but I think that photographs should be taken of still things; cinematography must be taken of moving things. It’s hard to say it’s an absolute truth, it’s a relative truth. There are exceptions", Robert Polidori faz o tipo artista blasé. Meio fora de moda, mas ainda com um certo apelo.
Tenho uma pastinha no computador com umas fotos dele. Sabe, aquela coisa em baixa qualidade que temos que grudar a cara na tela brilhante pra ver direito e imaginar como deve ser lindo ver uma ampliação bem feita daquilo.
A exposição no MCB possui 39 fotografias distribuídas por subtemas; Nova Orleans depois do Katrina; apartamentos de Nova Iorque saqueados pro grupos que roubavam tudo da casa quando o morador, geralmente um idoso, morria; Chernobyl uns anos depois de tudo ficar meio roxo; Havana, poucos anos atrás, quando o vermelho desbotou; Beirute cheia de buracos de bala. Mas o conjunto todo forma um tema consistente: As construções humanas apodrecendo. Lindo!
São cenas de ambientes degradados, tanto externa como internamente. Isso passa uma sensação ruim no começo. Dá pra sacar que quem viveu por ali, menos no caso cubano, sofreu bastante e perdeu muita coisa. Pescar isso através das paredes descascadas, dos móveis podres, e da falta de gente não é difícil, mas precisa de um certo tempo pra se acostumar. Seria fácil deixar tudo em P&B com um negro de rosto marcado e cara de fome ou um árabe barbudo com rosto choroso pedindo perdão pra Alá, pra mostrar como o mundo é uma bosta. Fazer isso com fotos lindas e coloridas é fudido e oferece uma leitura alternativa pra esse mundo jornalistico e óbvio.
Ponto pro chatão.
O cara só fotografa em grande formato e com um filme feito especialmente pra ele. Se o resultado fosse ruim, ele deveria virar um travesti ou arrumar qualquer outra profissão, mas graças a Deus ele é bom. Dá pra ficar olhando por dez anos cada imagem e sempre descobrir um detalhe que você não tinha visto.
Mas quem tem dez anos pra fazer isso? Aliás, quem quer ficar dez anos fazendo isso?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

(No começo era o erro)

O projeto tá indo. Meio parado ainda, mas indo.
O próximo passo é colocar, de alguma forma, a conversa que eu gravo com as pessoas enquanto tiro as fotografias dos quadros.
Como? Não sei ainda.
Talvez nem tenha isso no final.

Outro dia espalhei pelo chão as fotos feitas e liguei o gravador. Ouvi tudo, vi tudo e... nada. Uma coisa não completa a outra (o que nem é a intenção mesmo) e nem acrescenta (o que talvez fosse a intenção original).

Mas percebi coisas nas últimas "sessões";

Sobre o áudio: Pouca gente fica confortável sendo fotografada. Menos ainda quando sabe que o que fala está sendo gravado. A fala fica pouco natural. Compreensível, né.
Gravei minha mãe, que não sabia de nada quando apertei o rec, e parece ser a única que falou naturalmente. Se soubesse que "aquilo" na minha mão era um gravador - acho eu - ficaria com a voz mais fina que o normal.
(Lição de casa: Estudar a razão da voz fina em pessoas constrangidas.)

Sobre as fotos: Estudos sociológicos eu deixo pro Abolafio de Souza e Silva, grande teórico Pombalino/Casaverdiano...


...e conclusões eu não tenho, graças a jeová, mas de todos os quadros fotografados apenas dois estão pendurados na sala: Vó do Botas e Vó Romilda. O resto está nos quartos (ou "quartinhos criativos" no caso do Pudim) de -pigarro- jovens que moram com os pais ainda (menos o Pudim, sempre o Pudim).

Outra coisa é que esses pigarros sempre estavam no computador ou vendo televisão enquanto eu fotografava.



Gosto muito de paredes. A da casa da minha vó e da Elange são as prediletas até agora...


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Luar na Laje

Esse link (clica, fío) te leva ao Luar na laje. Um projeto? Uma biblioteca? Sei lá... Mas é uma ideia muito boa.
Lá no blog você consegue entender bem como a coisa funciona.
E funciona.
Pedi um livro (Medo e submissão da Amelie Nothomb), a coisa chegou na minha casa, li o bagulho e enviei o negócio de volta. Fácil, né? Se a vida fosse só isso eu nem reclamava. Mentira!
Escrevi sobre essa experiência. Quer dizer, mais ou menos sobre...
O texto tá lá (clica agora, fío), mas tá aqui também.


Comecei a ler livros quando já não era um jovenzinho.
Antes disso eu tinha outros interesses. A gente sempre tem outros interesses...
Entrei na faculdade de rádio e tv para, sem culpa e finalmente, fazer aquilo que mais gostava: assistir filmes o dia todo.
Uma bela descoberta dessa época foram o centros culturais bancados pelos... hã... Bancos.
Dedução de impostos, pão, circo e cinema de graça. Para quem não tinha emprego e dinheiro era o paraíso.
Entre uma sessão e outra, e entre o caminho da faculdade pro cinema e do cinema pra casa, eu tinha que matar o tempo pra ele não me matar, como dizia o outro.
O que fazer?
Fui atrás de livros na biblioteca da faculdade.
"Bukowski, que bacana, belo nome. Quem traduziu isso aqui? Leminski? Puta que pariu, esse cara é brasileiro? É escritor também? Vou ler. Que outras coisas ele traduziu? Beckett? Hahaha. Que sem graça ter esse meu nome de classe média branca."
Os nomes dos autores e tradutores eram lindos, mas descobri que aquilo que eles escreviam era ainda mais.
Depois de uns meses, a parte mais interessante dos meus dias desinteressantes era o caminho entre um lugar e outro.
Eu parava no meio da rua ou estação de metrô para ler o restante de um capítulo, e não era raro me atrasar pra faculdade ou perder o começo de um filme por causa disso.
Na hora de voltar para casa, o Morro Grande já não era suficiente. 15 minutos? O que dava pra ler nesse tempo? O Brasilândia, 25 minutos, era bom no começo, mas ficou insuficiente. Pronto! O Parque Edu Chaves dava duas voltas na Barra Funda e fazia a viagem durar 35/40 minutos.

O tempo passa, o tempo voa. A faculdade acabou e o sonho também...

Tchau tchau biblioteca, bora começar a trabalhar.
Miou um pouco meu projeto de ler o dia todo.

Pedi o Medo e Submissão no Luar na Laje assim que descobri a biblioteca.
Mas o livro é bom? Pô, é fudido de bom, mas bom mesmo, pra mim, foi ler novamente no ônibus um livro emprestado por uma biblioteca, com prazo de devolução e os caralhos.
Ler os livros que você compra e vai ter pra sempre te deixa meio preguiçoso.

Quando faltavam umas dez páginas para terminar o livro da Nothomb, o ônibus chegou no ponto final. Eu poderia andar uns quinhentos passos e terminar de ler em casa, ou poderia sentar ali mesmo na calçada, às dez da noite de uma segunda-feira, e voltar uns cinco anos de vida atrás. Voltei pra casa. Tô ficando velho mesmo.

Cony

A Folha de São Paulo chega todo dia em casa. E o pior é que eu pago por isso.
Toda sexta tem a coluna do Cony na Ilustrada. Toda sexta eu leio a coluna do Cony.
A matemática é quase essa: De 10 colunas que ele escreve, 9 são de um blablablá modorrento. Mas quando ele acerta uma...

"Então vim embora, sentindo na garganta uma coisa amarga que me faz ainda ter vergonha de mim mesmo e, ao mesmo tempo, sentir uma impotente inveja das coisas que podem acontecer com os outros, tornando-me cúmplice e vítima de um mundo que eu não condeno, apesar de não amá-lo."