segunda-feira, 12 de outubro de 2009

See you in hell, Robert Polidori


O Museu da Casa Brasileira é um lugar Sui Generis, como diriam os próprios frequentadores do local. Em um ambiente limpo e agradável, pessoas sem pêlos e cheias de feomelanina e dinheiro, almoçam ao som de jazz e risadinhas abafadas. Mas a gente não quer só comida...
Além do restaurante, o MCB possui também abre aspas Um amplo jardim com mais de 6.000 m² e cerca de 200 espécies de árvores brasileiras, que se destaca entre a densa massa de concreto da região fecha aspas.
Foda-se.
Fui lá para ver a exposição do Robert Polidori, ou tentar roubar alguma colher de prata, e não para conferir os abre aspas novamente incríveis exemplares do mobiliário dos séculos XVII ao XXI fecha aspas novamente.
Antes disso resolvi dar um passeio no jardim, ao lado do restaurante, com minha amiga Elaine. Era um belo dia de sol e tinha umas artes que a gente podia encostar; coisa rara.
De longe vem um bêbado trajando uma camiseta do Metallica. De perto ele começa a falar comigo sobre um show do AC/DC. Nada contra os bêbados - sou um deles - mas eles cospem quando falam e eu gosto de cerveja e não perdigotos. Pedi para ele parar de cuspir em mim e aticei sua ira metaleira "Você que tá perto demais, seu retardado. See you in hell, seu retardado. Acha que você é bom e eu não, seu retardado?" E lá foi ele achando que eu era um inimigo seu que eu não sou.


Separar a biografia de um autor da sua obra é uma tarefa inglória para um cara cheio de preconceitos, mas aprendi a fazer isso depois de assistir Pindorama do Arnaldo Jabor.
Sempre com opiniões furadas do tipo "This sounds very simple, but I think that photographs should be taken of still things; cinematography must be taken of moving things. It’s hard to say it’s an absolute truth, it’s a relative truth. There are exceptions", Robert Polidori faz o tipo artista blasé. Meio fora de moda, mas ainda com um certo apelo.
Tenho uma pastinha no computador com umas fotos dele. Sabe, aquela coisa em baixa qualidade que temos que grudar a cara na tela brilhante pra ver direito e imaginar como deve ser lindo ver uma ampliação bem feita daquilo.
A exposição no MCB possui 39 fotografias distribuídas por subtemas; Nova Orleans depois do Katrina; apartamentos de Nova Iorque saqueados pro grupos que roubavam tudo da casa quando o morador, geralmente um idoso, morria; Chernobyl uns anos depois de tudo ficar meio roxo; Havana, poucos anos atrás, quando o vermelho desbotou; Beirute cheia de buracos de bala. Mas o conjunto todo forma um tema consistente: As construções humanas apodrecendo. Lindo!
São cenas de ambientes degradados, tanto externa como internamente. Isso passa uma sensação ruim no começo. Dá pra sacar que quem viveu por ali, menos no caso cubano, sofreu bastante e perdeu muita coisa. Pescar isso através das paredes descascadas, dos móveis podres, e da falta de gente não é difícil, mas precisa de um certo tempo pra se acostumar. Seria fácil deixar tudo em P&B com um negro de rosto marcado e cara de fome ou um árabe barbudo com rosto choroso pedindo perdão pra Alá, pra mostrar como o mundo é uma bosta. Fazer isso com fotos lindas e coloridas é fudido e oferece uma leitura alternativa pra esse mundo jornalistico e óbvio.
Ponto pro chatão.
O cara só fotografa em grande formato e com um filme feito especialmente pra ele. Se o resultado fosse ruim, ele deveria virar um travesti ou arrumar qualquer outra profissão, mas graças a Deus ele é bom. Dá pra ficar olhando por dez anos cada imagem e sempre descobrir um detalhe que você não tinha visto.
Mas quem tem dez anos pra fazer isso? Aliás, quem quer ficar dez anos fazendo isso?

9 comentários:

Abolafio disse...

E o Jeff Wall? To loco:

http://classes.dma.ucla.edu/Winter06/24/projects/olive/presentation/jeffwall001.htm

e aqui... jesus

http://ldesign.wordpress.com/2007/08/29/on-reality-6-rev-jeff-wall-magic-revisited/

Abolafio disse...

Verifique tb a sequencia do dia "Tuesday, July 8, 2008" em...

http://www.gavinbraman.com/blog/current.html

Renan Henrique disse...

sabia desse Jeff Wall aí não, aion.
to vendo agora. valeu pela dica. isso foi uma dica?
da-lhe-da-lhe-da-lhe-da-lhe-o

Liloca disse...

Renas eu não sabia o que era PERDIGOTO e fui procurar saber.
Abre aspas. Gotículas minúsculas de saliva que são expulsas durante a fala de uma pessoa. Os movimentos musculares labiais criam uma pressão interna bucal, fazendo com que o líquido salivar existente nessa cavidade seja propelido com extrema velocidade, dissipando-se no ambiente. É uma fonte inesgotável de propagação de moléstias. A fonte ideal e que faz parte da rotina diária de várias pessoas está no "self-service" de restaurantes. Pessoas conversam durante o ato de se servir e fazem com que essas gotículas caiam sobre a comida, contendo micróbios. Fecha aspas.

Renan Henrique disse...

Liloca, pois é.
E a primeira vez que eu li num self-service "não fale enquanto se serve" eu pensei que fosse para as pessoas almoçarem em silêncio.
Um beijo.
Evair.

Anônimo disse...

E é por isso que eu sou a favor de comer marmita!!! See you in HELL!!!!!

Anônimo disse...

I wish not concur on it. I over nice post. Specially the title attracted me to read the whole story.

Renan Henrique disse...

legal, cara.

Anônimo disse...

Good fill someone in on and this fill someone in on helped me alot in my college assignement. Thank you as your information.