terça-feira, 22 de setembro de 2009

What´s the point?


...então eu abri a porta do quarto da minha mãe e, sem querer, derrubei o quadro no chão. Já o tinha visto, mas nunca havia percebido que ele existia até aquele momento.
Não aconteceu nada com ele na queda. A tela não rasgou... a moldura não lascou... nada. Mas, mesmo se tivesse acontecido algo, muito provavelmente, ninguém ficaria nem um pouco triste. Nem minha mãe, que foi quem ganhou o quadro de presente de uma funcionária.
Nunca tinha ouvido uma palavra sobre esse quadro em casa, e fiquei parado pensando sobre utilidade daquilo.
Nos museus e exposições os quadros servem para alguma coisa. Pelo menos fazem as pessoas saírem de suas casas para irem até a "casa" deles. Aquele que estava na minha casa não servia pra nada. Sem função. Não emocionava. Não prendia minha visão. E até aquele momento não havia levantado nenhum tipo de reflexão de minha parte.
Quadro inútil.
Me deu fome e fui comer.
Anoiteceu e aquilo continuava na minha cabeça.
Era domingo. Melhor pensar na "função da arte", do que no trabalho do dia seguinte.
Alguém tinha posto sua energia pra pintar aquilo. Alguém pensou na minha mãe com carinho. Alguém que eu não sei quem é, e nunca vou saber. Nem me interessa, na verdade.
Mas interessa realmente pra essa pessoa o que minha mãe fez com o quadro, ou ela só queria agradar a chefe pra ganhar um aumento?

Fazer qualquer coisa sempre foi um suplício pra mim. Só descobri o motivo disso depois de ver esse trecho do Annie Hall. Resume todo esse post.
O problema é o universo.

Se não abrir na tela, tenta por aqui: http://www.youtube.com/watch?v=3Pa34orcwwA


Nenhum comentário: