quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Vuvuzelas

Eu trabalho em uma editora, e quando teve aquele rebuliço todo sobre o diploma para ser jornalista, passei uma semana ouvindo opiniões inflamadas do tipo: "Quer dizer que joguei dinheiro fora?" "Qualquer taxista agora pode fazer meu trabalho? Absurdo!" "Vou virar padeiro."
Entendo o lado dos jornalistas daqui. Agora, realmente, qualquer um pode escrever sobre fofoca, decoração de apartamento ou quantas calorias possui uma banana. Justo. Cada um defende o seu.
A causa real da minha irritação com a maioria dos jornalista, óbvio, é inveja.
Eles são pagos pra fazer algo que eu faria tão mal feito quanto.
Meu problema com o jornalismo é mais simples; o que me interessa eu leio, o que não me serve meu cachorro caga em cima.

Alarmismo é uma coisa grave. E me irrita. Sou um cara irritado por dentro.

Uma das justificativas do meu projeto é: fotografar quadros usando a câmera digital pela ironia que isso representa.
Quando a fotografia surgiu, imagino eu, uma centena de pintores saíram correndo nús e gritando que a profissão deles estava acabada. Claro que não estava.
A mesma coisa aconteceu com os fotógrafos quando a digital surgiu. Agora, qualquer taxista (sempre eles) poderia fazer fotografia.
Nada acabou. A pintura continua aí, assim como a profissão de fotógrafo.

Isso sempre me pareceu "odinho" de gente com medo da concorrência.

Existe gente boa em qualquer profissão e lugar. Geralmente são as mais serenas, que pouco reclamam e que mais produzem. Nenhuma dessas se alarma fácil. Elas pensam antes de falar. Elas refletem...

Um exemplo: Ami Vitale em entrevista para The adventury life. Peguei do blog 28mm. Vale a pena ler a entrevista toda e ver as fotos. Ela é boa.
Mas é boa pra caralho.

How important is photojournalism today? With the economy tanking and magazines struggling, are you seeing more or less support for it?

Of course photojournalism is important but it has always been a struggle to find support even since I began. Just because magazines and newspapers are going through a difficult period does not reduce the need for great storytelling and I believe now is a perfect time to find opportunity and recreate ourselves for other mediums. I feel it’s a glorious time for photojournalism and story telling. Our medium is changing and the new opportunities are out there but take a little more work to find. I don’t understand why everyone is afraid of change, the same thing happened to radio years ago. Everyone said it was dead. Photography is not dead and if we can harness all the creativity and tools available to us, we can make some amazing work and deliver it to audiences we never dreamt of reaching before. I see this as an empowering and exciting time.

5 comentários:

Pantufas de Nuvens disse...

(abre aspas)Depoimento de uma pantufa de nuvem:
Eu sou uma pantufa e nunca precisei de faculdade para me tornar uma boa pantufa(fofinha e confortável).(fecha aspas)

Muito foda essa fotográfa! Ainda não li a entrevista, mas vi algumas fotos impressionantes!!!

Abolafio disse...

"As mais serenas, que pouco reclamam e que mais produzem. Elas pensam antes de falar. Elas refletem."
Essa ascese toda inspira boas deduções cartesianas e análises positivas de dicotomias construídas estatisticamente. Ou seja, inspira ciência ou qualquer coisa melhor que a forma vazia que se tornou o jornalismo; mas que para mim está quilômetros de distancia do que inspirar uma boa foto.

Renan Henrique disse...

aion, o jornalismo é só literatura mal feita. já nasceu vazio, meu nêgo.
preciso tirar as fotos no seu quarto.
um beijo.

enila, não uso pantufas. só mocasim argentino. entre nesse site e confira as promoções: www.pacco.com.br
um outro beijo.

Abolafio disse...

Concordo. Mas me irritam essas generalidades. A sociologia é isso ai também, se quiser. Mas falar isso e falar nada, não ajuda muito e acaba valendo mais o esforço (mesmo que inútil) de quem faz. De qualquer forma a história dessa é a mais "legal":

"Eu entrei na faculdade de jornalismo com muita ilusão, pensando que eu poderia desenvolver algo relacionado com a literatura. Abandonei no terceiro ano, quando eu já tinha trabalhado uns dois anos e o professor falou “vamos discutir o que é pauta”. Eu achei ridículo e fui morar fora." (entrevista de alguém na Rabisco...guardei sem o nome)

Renan Henrique disse...

mas, aion, tudo é essa "generalidade", se quiser. de novo o mesmo buraco sem fundo?
eu adoro gente honesta. "Eu achei ridículo e fui morar fora."
mas eu também adoro cachorros e adoraria ter dinheiro.
um beijo.